sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Até o Japão está se deteriorando: a subversão não se mantém apenas no ocidente

Tendência transforma homens japoneses em grandes consumidores, que não buscam sucesso na carreira e preferem manter relações mais platônicas com as mulheres


De todas as transformações vividas pela sociedade japonesa, as maiores certamente têm se concentrado no contingente masculino. Saem os “salary men”, homens que buscavam um emprego estável numa das grandes corporações e trabalhavam horas a fio, entram os “soshoku-danshi”, os “machos herbívoros”, homens perfumados que consomem moda e produtos de beleza na mesma escala que as mulheres – de quem, aliás, eles preferem manter distância, com relações platônicas.

Os "homens herbívoros japoneses" têm entre 20 e 35 anos e não mostram o menor interesse por uma carreira ascendente. Ao contrário, eles estão “acostumados” a baixos salários: a maioria ganha em média dois milhões de ienes ao ano, menos de R$ 42 mil (quase R$ 3.500 ao mês), um salário bom no Brasil, mas considerado para iniciantes e profissionais de baixo escalão no país. Para manter seu “estilo de vida”, esses jovens japoneses preferem morar com as mães.

A expressão “shoshoku-danshi” foi popularizada no livro “Os Homens Herbívoros e Afeminados que estão mudando o Japão”, de Megumi Ushikubo, presidente da empresa de marketing Infinity. Segundo pesquisa conduzida pela companhia, cerca de 60% dos homens japoneses entre 20 e 34 anos se encaixam nessa definição e estão bem longe do estereótipo de masculinidade japonesa, o samurai que deu lugar ao trabalhador workaholic nas grandes corporações. Ao comparar os trabalhadores a dinossauros carnívoros, a pesquisa definiu então a nova geração como "herbívoros" por sua falta de agressividade.

Entre outras qualidades, o chamado “macho herbívoro” é próximo de sua mãe, gosta de sobremesas (algo que até pouco era atribuído apenas a mulheres) e, para desespero das antigas gerações, usa o banheiro da mesma maneira que as mulheres, ou seja, sentado. Tanto que a Matsushita Electric Works, empresa que produz peças para o banheiro, chegou a publicar uma pesquisa afirmando que hoje 40% dos homens preferem sentar no vaso na hora de urinar.

Sem grandes perspectivas em termos de carreira, trabalhando na maior parte do tempo como freelance ou meio-período, esses homens se voltaram para a esfera de consumo, como as mulheres. E compram os mesmos produtos: além das vendas de produtos para o cabelo e beleza terem aumentado em 50%, um fabricante faz sucesso vendendo sutiãs para homens. A Wish Room vendeu 300 sutiãs online em menos de duas semanas e virou assunto até nos jornais conservadores.

Para Megumi Ushikubo, as mudanças são positivas. “Essas mudanças não vão desaparecer, não é uma moda”, disse ela ao jornal britânico “The Daily Telegraph”. “As mulheres que hoje estão com 50 anos achavam que seu objetivo era encontrar um homem que as sustentasse. Esses homens acabavam se dedicando mais ao trabalho do que à família. O novo homem japonês trata melhor as mulheres e está mais feliz consigo mesmo”.


http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI122108-16367,00-NOVO+HOMEM+JAPONES+DEIXA+PARA+TRAS+CARREIRA+E+USA+SUTIA.html

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